terça-feira, 16 de novembro de 2010

Perdas




Falar em perdas é falar em solidão, tristeza, desesperança, medo. Quando digo perdas, não estou me referindo apenas aos que morrem, mas todos que, de alguma forma, nos deixam cedo demais, antes que estejamos preparados. Um amigo que se muda para longe, um namoro interrompido de repente, e até mesmo um ente querido que se vai, sempre provoca em nós uma sensação de vazio. E porquê isso? Porquê sofremos tanto mesmo sabendo que estas perdas, ou partidas inesperadas são coisas da vida e que, portanto, não podemos controlá-las?

Não saberia responder com precisão a pergunta acima, mas o que me parece mais coerente é que nunca estaremos prontos para nos acostumarmos com a falta dos que amamos. Por mais que saibamos que a qualquer instante eles nos faltarão, temos sempre a predisposição em acreditarmos que quem nos ama nunca nos trairia, nos privando de seu afeto, carinho e amor. Grande engano. São justamente aqueles que amamos que mais nos machucam com suas partidas inesperadas. Vão sem aviso prévio e nos levam a felicidade, a fé na vida e o equilíbrio. O que fazer então? Não amarmos? Não nos permitir gostar de alguém pelo simples fato de que seremos, mais cedo ou mais tarde, deixados para trás na vida, entregues às nossas angústias e remorsos por não termos dito e feito o suficiente Por eles?

Creio que não. Se há algo na vida que mais nos trás felicidade é sabermos que somos queridos e não seria honesto nos privarmos de tal sentimento por covardia.

Um amor de pai e mãe, o carinho de um amigo, ou o afeto de uma relação a dois deve sempre se sobrepor ao medo da perda. Porque ela é inevitável, mas o sentimento não é. Deve ser exercitado todos os dias de nossas breves vidas. Ele é o que nos move, nos dá o chão em que caminhamos pela vida, com a certeza de que haja o que houver, teremos sempre com quem contar, que nos apoiará mesmo nos momentos que não tenhamos razão.

Isto meus amigos, deve ser a maior lição deixada pelos que partem sem nos avisar: lembrar-nos que devemos sempre curtir aqueles que amamos com a intensidade proporcional a brevidade de uma vida. Porque quando nos faltarem, saberemos que amamos e que fomos amados; que demos e recebemos todo o carinho esperado; que construímos um sentimento que nenhuma perda pode apagar. Este sentimento transcende tempo e espaço, não se limita ao contato físico. Torna-se parte de nós, impregnado em nossa alma, nos confortando nos dias difíceis, sendo cúmplices de nossas vitórias pessoais, norteando nossa conduta, nos fazendo sentir eternamente amados.

Que me perdoem os físicos, mas acredito que, neste caso, dois corpos podem sim ocupar o mesmo lugar no espaço, basta nos permitirmos sentir a presença dos que amamos dentro de nós, como se fossem parte de nossa alma, só assim nos tornando inteiros.”

Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”.


Eu te amo.
Para sempre.